Exercícios de quietude
Entre apenas no silêncio e na milagrosa ação geradora de vida de inspirar e expirar
Para esta sessão, dê apenas atenção à sua respiração, foque-se na sua inspiração e inspiração. Para dentro e para fora, para dentro e para fora, para dentro e para fora, sem alterar o ritmo, entre apenas no silêncio e na milagrosa ação geradora de vida de inspirar e expirar. Imagine o nosso Deus, gerador de vida, a fazer o mesmo e sirva-se dessa imagem para se acalmar.
Depois de se sentir calmo/a, vire-se para Deus e diga: ‘Aqui estou; fala, Senhor, que o teu servo escuta’.
Convite
Repare como se desenrola a história.
Esta história segue-se imediatamente depois da que vimos na sessão anterior, a dos gadarenos demoníacos. Repare como se desenrola a história.
Escritura
Depois disto, subiu para o barco, atravessou o mar e foi para a sua cidade. Apresentaram-lhe um paralítico, deitado num catre. Vendo Jesus a fé deles, disse ao paralítico: «Filho, tem confiança, os teus pecados estão perdoados.» Alguns doutores da Lei disseram consigo: «Este homem blasfema.» Jesus, conhecendo os seus pensamentos, disse-lhes: «Porque alimentais esses maus pensamentos nos vossos corações? Que é mais fácil dizer: ‘Os teus pecados te são perdoados’, ou: ‘Levanta-te e anda’? Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem, na terra, poder para perdoar pecados - disse Ele ao paralítico: ‘Levanta-te, toma o teu catre e vai para tua casa.» E ele, levantando-se, foi para sua casa. 8Ao ver isto, a multidão ficou dominada pelo temor e glorificou a Deus, por ter dado tal poder aos homens.
Reflexão
Deus está sempre à procura de uma situação em que possa usar a sua misericórdia que cura
- Primeiro, ‘Jesus subiu para uma barca e passou para a outra margem’; é uma mudança de uma zona não judia, de volta à Galileia. Somos convidados(as) a ir com Jesus nesta viagem. Jesus vai de barco. Nos Evangelhos, acontecem coisas importantes nos barcos. O que acha que é?
- Mateus usa esta palavra que é comum no seu evangelho, embora muitos tradutores a deixem de fora: ‘E vejam!’ É a maneira que Mateus tem para chamar a nossa atenção quando ouvimos o início de uma história de cura: ‘Eles (Mateus não diz quem) levaram-lhe um paralítico, deitado numa enxerga’. É a mesma palavra usada na história do filho ou servo do centurião e da sogra de Pedro, que realça a dimensão da aflição. Imagine a situação daquele para quem pedem a misericórdia e a cura. Como se sente essa pessoa?
- Vai reparar também que Mateus não fala no pormenor que aparece em Marcos, em que as pessoas que levavam o paralítico ‘desceram-no pelo telhado’. É que Mateus tem em atenção a ‘Saúde e Segurança’ de que não devemos fazer isto em casa. O que lhe parece a cena?
- Ouvimos, então, o comentário de Jesus ‘vendo a fé que eles tinham’. Isto mostra-nos que a misericórdia de Deus não depende da fé daqueles que precisam de ser curados. Deus está sempre à procura de uma situação em que possa usar a sua misericórdia que cura. A Fé ajuda na procura da misericórdia? Já pediu esta misericórdia que cura para mais alguém? E para si, já a pediu?
- Depois disto, Jesus fala de forma totalmente inesperada, e ouvimo-lo dizer: ‘Coragem, filho’. Instintivamente temos a certeza de que tudo vai correr bem. Com a palavra ‘filho’ ficamos a saber o que precisamos, pois Mateus, na sua narrativa do Sermão da Montanha, nos capítulos 5-7, mostra-nos que o ensinamento central é tratar Deus como ‘Pai’. Imagine Jesus a murmurar estas palavras ao seu ouvido, ‘Coragem, filho(a)’. Como se sente?
- Mais uma vez Jesus surpreende-nos; Estamos à espera que ele diga: ‘Toma a tua enxerga e anda’; mas diz, ‘os teus pecados estão perdoados’. De novo Mateus convida-nos a dar atenção a esta frase ‘E vejam!’; o que nos leva a perguntar ‘O que Deus vai fazer?’
- Ouvimos ‘alguns dos escribas’. Aparecem não sabemos donde, mas já sabemos que vêm perturbar. E como se isto não bastasse, somos convidados a ouvir o que pensam(‘o que dizem para si mesmos’); e o que dizem? ‘Este homem blasfema!’ Agora já os ouvimos levantar a bandeira vermelha do perigo com esta acusação letal que pode significar a morte. Porque é que os opositores de Jesus ficam tão furiosos com ele? Isto tem algum eco na sua vida actual?
Fale com Deus
Fale com Deus sobre o significado que esta história tem para si, como toca a sua vida.
- A resposta de Jesus é interessante porque ‘ele conhecia os seus pensamentos’. Temos a sensação que há um controlo inútil, a voz de Deus. Já experimentou esta voz na sua vida?
- Agora reprova-os (e podemos pensar na atitude do Papa Francisco aos religiosamente intransigentes): ‘Porque é que pensais coisas más nos vossos corações’? Podemos achar que talvez eles pensem que os seus pensamentos são bons e piedosos. Finalmente ele lança-lhes uma ratoeira: ‘O que é mais fácil dizer ‘os teus pecados estão perdoados, ou dizer Levanta-te e anda’? (‘Levantar-se’ lembra-nos a linguagem da Ressurreição.) Como se sente quando ouve esta linguagem de ‘ressurreição’ na história?
- Não há espaço para uma resposta dos opositores. E Jesus continua: ‘ Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem autoridade na terra para perdoar pecados’. O que muitas pessoas no nosso mundo procuram, é precisamente o perdão do que fizeram de mal e que as impede de encontrar cura e misericórdia. Qual é o perdão que procura para que também possa experimentar a misericórdia de Deus que cura?
- Jesus continua: ‘diz ao paralítico’( observamos que ele começou uma frase que nunca acabou)): ‘Levanta-te’ (de novo a ressurreição), ‘ pega na tua enxerga e vai para casa’. Mas isto não pode acontecer; o homem é paralítico! Na sua vida há alguma situação impossível de que se lembre quando pensa nisto?
- Temos, agora, o resultado, sem qualquer drama indevido: ‘ o paralítico levantou-se e foi para casa’ (embora nada nos diga que ele levou a sua enxerga) Porque acha que a cura é algo que nada tem de teatral, como nos diz Mateus?
- Então, vemos o resultado, importante para os nossos propósitos de oração quaresmal sobre a misericórdia de Deus que cura em Jesus: ‘vendo isto, a multidão ficou com medo’. Não vamos interpretar isto como terror, como acontece quando o chefe nos chama ao seu gabinete, mas antes como ‘reverência’ ou talvez ‘temor’. Já alguma vez sentiu este tipo de medo? Ou mais o tipo de reverência ou temor?
- Repare no veredicto final: ‘glorificou a Deus por ter dado tal poder aos homens’. A história diz-nos que a misericórdia de Deus que cura, trabalha em Jesus e qual o efeito que tem na humanidade: glorificou a Deus. Esta história convida-o/a a ‘glorificar a Deus’? De que maneira? Fale com Deus sobre o significado que esta história tem para si, como toca a sua vida.